Dados do Trabalho
Título
FAZER VIVER OU DEIXAR MORRER? A BIOPOLITICA E OS CUIDADOS PALIATIVOS A PESSOA IDOSA EM FAVELAS
Introdução
O conceito de biopolítica traz consigo formas de regulamentação da vida no âmbito coletivo, que atravessam a sociedade diante do exercício do poder de se fazer viver e deixar morrer. No entanto, compreende-se que o interesse estatal pela promoção e proteção da vida não se distribui de forma equitativa na sociedade. Tal contexto pode ser observado quando se trata da pessoa idosa que mora em favelas, que dispõe de uma condição ameaçadora de vida. Esses sujeitos são subtraídos do campo da produtividade pensado sob a ótica da política neoliberal, o que os fazem experienciar o sofrimento humano de forma acentuada.
Objetivo e Método
Objetivo: Identificar os fatores que dificultam e que facilitam o acesso aos cuidados paliativos por pacientes idosos em favelas. Método: Estudo descritivo de abordagem qualitativa, amparado no referencial teórico da biopolítica, realizado nos domicílios de pacientes em cuidados paliativos atendidos por uma comunidade compassiva em duas favelas da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Os participantes desta pesquisa foram 8 profissionais de saúde voluntários e 8 voluntários locais (moradores das favelas), que ofertavam cuidados paliativos no âmbito deste projeto. Para coleta de dados, utilizou-se a observação participante e entrevistas semiestruturadas, analisadas mediante a técnica de análise do discurso foucaultiana.
Resultados
Os discursos expressam a reduzida atuação estatal para a garantia dos direitos humanos fundamentais, suprimidos mediante a ênfase que é dada ao estigma da violência destes territórios fazendo que o Estado seja eximido das suas responsabilidades perante a essa população. A inércia estatal, ressoa na precariedade estrutural dos dispositivos de saúde, com a reduzida disponibilidade de medicamentos opióides, somado a elevada rotatividade de profissionais devido às falhas de segurança pública. Como pontos facilitadores, observa-se as formas de ressignificação da população de favela em prol do alívio do sofrimento humano, mediante a mobilização social em prol do desenvolvimento dos cuidados paliativos domiciliares.
Conclusão/Considerações finais
Compreende-se que às práticas de cuidados paliativos à pessoa idosa no âmbito de favelas, são configuradas pelo contexto histórico, social e cultural da construção destes territórios. Diante disso, a entrega dos cuidados paliativos à essa população, emerge mediante a micropolítica de resistência que nasce a partir dos saberes e poderes que circulam nesse contexto, e permeiam os sujeitos envolvidos nesses cuidados.
Palavras Chave
Vulnerabilidade social; Cuidados Paliativos; Áreas de pobreza
Área
Populações
Autores
MATHEUS RODRIGUES MARTINS, ISABELA SILVA CANCIO VELLOSO, ALEXANDRE ERNESTO SILVA, BRENDO VITOR NOGUEIRA SOUSA, THALLISON CARLOS CAMPOS SANTOS, KÊNIA LARA SILVA