Dados do Trabalho
Título
O USO DE CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTAVEL E UMA MORTE DIGNA - RELATO DE CASO
Apresentação do caso
Paciente OF, masculino, 75 anos, com AVC isquêmico prévio, com perda importante da funcionalidade. Apresenta Doença de Chagas com ICFER de 32%, com BAVT, necessitando de implante de CDI em julho de 2023. Paciente com critérios de IC avançada com sintomas graves, descompensações recorrentes e disfunção cardíaca progressiva a despeito da máxima terapêutica instituída. Admitido no serviço com IC perfil B, derrame pleural, ascite e DRC com LRA KDIGO III. Na avaliação da equipe de cuidados paliativos, apresentava PPS de 30%. Paciente portador de múltiplas comorbidades, avançadas e incuráveis, associado a caquexia, com funcionalidade limítrofe em declínio. Elegível aos Cuidados Paliativos com critérios de terminalidade, admitido com quadro de descompensação, com dificuldade de resposta às medidas implementadas. Estabelecido que paciente não é candidato a medidas como RCP, IOT e hemodiálise. Quanto ao CDI, indicado seu desligamento, uma vez que sua atuação impediria um mecanismo natural de morte, com sofrimento.
Discussão
Embora os CDIs possam prolongar a vida, eles aumentam a complexidade das decisões médicas, especialmente para pacientes que estão em fim da vida, para os quais as terapias oferecidas por esses dispositivos podem não estar mais alinhadas com seus objetivos de cuidados. Uma pesquisa com os familiares de 100 pacientes que morreram com CDIs revelou que a possível desativação dos dispositivos foi discutida antemortem em apenas 27 casos, enquanto 8 pacientes foram desfibrilados pelo CDI apenas minutos antes da morte. Existem diversas situações que podem justificar o início de uma discussão sobre a desativação como:ordem de não RCP;idade avançada com deterioração da qualidade de vida;sintomas persistentes de doença cardíaca apesar do tratamento;CDI sendo considerado ineficaz;IC com três episódios de descompensação em seis meses devido à progressão da doença;queda de PPS;caquexia cardíaca;comorbidades com prognóstico desfavorável, como câncer avançado;alterações cognitivas relacionadas ao estado do paciente.
Considerações finais
Pacientes com uma doença terminal podem se beneficiar de uma discussão sobre os benefícios e riscos de manter um CDI funcional. A terapia de desfibrilação automática em um paciente terminal com um CDI é dolorosa e angustiante, não tem propósito médico e deve ser evitada. Instituições que cuidam de pacientes terminais, devem desenvolver protocolos éticos e legalmente fundamentados para lidar com essa questão.
Palavras Chave
Cardiodesfibrilador Implantavel; Cuidados Paliativos; Fim de vida
Área
Controle de sintomas e qualidade de vida
Instituições
Hospital PUC Campinas - São Paulo - Brasil
Autores
RAQUEL FELICIO BERTINI, LUANA CABRINO ARANHA, GABRIELA SALDES CAMPOS PEREIRA, CHRISTIAN MAKOTO ITO, PATRICIA SUZUKI KANNO, ORNELLA PAOLA GAMBARINI