Dados do Trabalho
Título
QUEBRA DE EXPECTATIVAS: QUANDO O PALIATIVISTA OPTA PELO CAMINHO MAIS INVASIVO.
Apresentação do caso
Caso 1: Mulher, 93 anos, tabagista, PPS 70%, admitida no CTI por DPOC exacerbada por pneumonia. Otimizada terapia e iniciado suporte ventilatório não invasivo. Evolui com piora ventilatória, sendo discutida a possibilidade de ventilação mecânica (VM) entre as equipes do CTI e cuidados paliativos (CP). Equipe médica do CTI, inicialmente contra o procedimento, com a equipe de CP argumentando tratar-se de idosa com boa funcionalidade em primeiro episódio de agudização da doença de base. Opta-se pela VM, com paciente evoluindo com boa resposta e desmame precoce, sendo realizada extubação em 48 horas sem intercorrências e recebendo alta hospitalar 10 dias após a internação.
Caso 2: Mulher, 99 anos, com PPS 60%, com relato de mielodisplasia há 20 anos, evoluindo nos últimos 02 anos com episódios de melena e piora dos sintomas, com 15 admissões para hemotransfusão em 02 anos. Relato de recusa pelos médicos de seguir investigação de sangramento devido à idade avançada. Realizada conferência familiar com a equipe de CP e definido por realizar Endoscopia Digestiva Alta (EDA), compactuando planos de cuidados para os cenários possíveis. EDA evidenciando lesão vascular de mucosa, sendo realizada hemostasia térmica. Paciente em seguimento pela equipe, sem retorno por anemia sintomática até o momento.
Discussão
Trata-se de duas idosas com boa funcionalidade, internadas por intercorrências agudas de suas doenças crônicas. A negativa inicial dos procedimentos, respectivamente, IOT e EDA, baseava-se, pricipalmente, na idade de ambas, não considerando o momento na história do adoecimento e a funcionalidade. O acionamento da equipe de CP se dá, inicialmente, pela premissa equivocada dos CP como limitadores de suporte. Após a avaliação pelos CP e discussão junto a equipe multidisciplinar e família, considerando-se os aspectos anteriormente apresentados, optou-se pela realização dos procedimentos com resultados satisfatórios.
Considerações finais
Os cuidados paliativos são frequente e erroneamente associados exclusivamente a limitação e suspenção de suporte. No entanto, o olhar para cada indivíduo, a escuta ativa, o conhecimento do filme da funcionalidade e das curvas de adoecimento – habilidades esperadas do paliativista – associados à avaliação clínica criteriosa permitem que procedimentos e terapêuticas consideradas invasivas possam ser indicadas com critérios técnicos e respeitando as diretivas de cada paciente/família, com bons desfechos e uso racional dos recursos.
Palavras Chave
Cuidados Paliativos; Advance Care Planning
Área
Outras áreas
Instituições
Hospital Panamericano - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
IGOR COUTINHO, DANIELE BAPTISTA DOS SANTOS, MARIANA SIMÕES CAJUEIRO ALVES, RENATA SANTANA, CECILIA EMERICK