Dados do Trabalho

Título

A IMPORTANCIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS E DO COMBATE A OPIOFOBIA NO TRATAMENTO DA INSUFICIENCIA CARDIACA

Apresentação do caso

Paciente SNT, 74 anos, sexo feminino, religião espírita, transferida para um Hospital de Transição após 30 dias em UTI com diagnóstico de edema agudo de pulmão (EAP) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) agudizada. Durante a internação, foi submetida a traqueostomia e mantida com respirador, apresentando histórico de insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida (ICFER) induzida por quimioterapia para câncer de mama. Outras comorbidades incluíam câncer de mama, osteoporose, dislipidemia e insuficiência coronariana. No hospital de transição, a paciente mostrou-se ansiosa, reagindo de forma intensa à equipe hospitalar. Foi acompanhada por fonoaudiologia e fisioterapia, evoluindo para alimentação por via oral e desmame do respirador, com otimização da medicação para ICFER e DPOC. Apesar de apresentar intercorrências como crises de dispneia e broncoespasmo, foi traçado um plano de cuidados priorizando conforto, sem intervenções invasivas ou suporte avançado. O uso de morfina subcutânea para controle da dor e dispneia mostrou-se eficaz, evoluindo para morfina em bomba de infusão contínua, e posteriormente para uso oral, até o desmame total. Após 34 dias de internação, a paciente recebeu alta, clinicamente estável, sem necessidade de opioides e com a traqueostomia cicatrizada.

Discussão

Este caso destaca a importância dos cuidados paliativos na insuficiência cardíaca avançada, combinados com o uso racional de opioides. No Brasil, o acesso aos opioides é limitado devido à opiofobia e outras barreiras. A opiofobia, exacerbada pela crise dos opioides, resulta na subutilização desses medicamentos, essenciais para o alívio da dor crônica. Contudo, evidências mostram que o uso adequado de opioides sob supervisão médica é seguro e eficaz, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo o sofrimento. Cuidados paliativos, quando integrados ao tratamento convencional desde o diagnóstico, proporcionam melhor controle dos sintomas, incluindo dispneia e dor, e beneficia tanto o paciente quanto sua família. No caso descrito, a intervenção paliativa resultou em uma melhora significativa na qualidade de vida da paciente, permitindo maior participação em atividades diárias e oferecendo suporte psicossocial essencial à família.

Considerações finais

Este relato enfatiza a importância dos cuidados paliativos e do uso racional de opioides no manejo da insuficiência cardíaca avançada. O benefício em combater a opiofobia para melhorar a qualidade de vida em doenças crônicas avançadas.

Palavras Chave

Cuidados Paliativos; Doença Crônica; Opiofobia