Dados do Trabalho
Título
COMUNICAÇAO DE MAS NOTICIAS A FAMILIARES DE NEONATOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA ANALISE DA EXPERIENCIA MEDICA EM UMA MATERNIDADE ESCOLA
Introdução
O avanço da ciência e da tecnologia em saúde reponde pelo temor e pela negação à realidade da morte.1 A comunicação de más notícias ainda é assunto acadêmico incomum da área médica, sendo uma atividade complexa que requer conhecimento, expertise e habilidade2.
Objetivo e Método
Objetivo: Entender o sentimento dos médicos diante da comunicação de uma má notícia a familiares de neonatos em cuidados paliativos (CP).
Metodologia: Estudo qualitativo com médicos atuantes em UTI neonatal e sua percepção diante da comunicação de uma má notícia. Utilizada amostragem por saturação e coleta dos dados com entrevista semi-estruturada.
Resultados
Os participantes entrevistados corresponderam a 45,2% dos médicos da UTI neonatal, idade entre 28 e 51 anos, e tempo de formação entre 4 e 28 anos. Nenhum possuía especialização em CP.
As notícias difíceis parecem desafiadoras para médicos e envolve o significado subjetivo de vivência profissional:
“Comunicar más notícias é justamente falar de forma franca da realidade do paciente e sabendo que aquela família vai reagir de uma forma que é particular porque depende da construção daquela pessoa.”
A constatação da ausência do tema CP na formação dos médicos da equipe foi predominante e desafiadora.
“Na minha faculdade nenhuma, e na minha residência de pediatria também não. Aqui, na residência de “neo” (...) teve aulas teóricas, então foi onde eu tive contato pela primeira vez.”
A experiência dos médicos é frágil em caso de más notícias, evocando sentimentos de culpa, fracasso e impotência nos profissionais.
“Às vezes a gente fica constrangido, às vezes a reação é fugir de determinadas conversas. (...)Primeiro de insegurança, porque a gente não tem informação para isso, e de fuga, por não assumir que está perdendo, ninguém quer perder, principalmente perder uma vida. (...)”
“Eu sofro tanto quanto e às vezes você fica muito dura nessa situação, então você meio que se fecha para não sofrer tanto.”
Conclusão/Considerações finais
As dificuldades de comunicação entre a tríade paciente, família e médicos reflete a pouca abordagem curricular acerca da importância dos CP para recém-nascidos. A definição estabelecida no momento de abordar uma notícia difícil carrega relevância emocional e tem potencial de mudar perspectivas e vida das pessoas3. Abrindo a possibilidade de reflexão sobre uma formação voltada para cuidar de outra pessoa que tem uma historia de vida além da doença, mesmo nos primórdios de sua existência.
Referências
1. Kubler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo, SP: WMF Martins Fontes; 2017.
2. BHN, Camilo, Serafim TC, Salim NR, de Oliveira Andreato ÁM, Roveri JR MM. Communication of bad news in the context of neonatal palliative care: experience of intensivist nurses. Rev Gauch Enferm. 2022;43:1–10.
3. Camargo NC, De Lima MG, Brietzke E, Mucci S DGA. Teaching how to deliver bad news: A systematic review. Rev Bioet. 2019;27(2):326–40.
Palavras Chave
Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; COMUNICAÇÃO; Cuidados Paliativos Profissionais de Saúde Formação
Área
Modalidades de atendimento
Autores
ANNICK BEAUGRAND, RAYANE RODRIGUES DE SOUZA, STHEPHANNY PATRÍCIA CAVALCANTI DA COSTA, THAÍS DIAS DA SILVA , SIMONE DA NÓBREGA TOMAZ MOREIRA , ANNA CHRISTINA DO NASCIMENTO GRANJEIRO BARRETO