Dados do Trabalho
Título
AUTONOMIA E INTERVENÇAO NOS CUIDADOS PALIATIVOS EM PACIENTE COM CANCER DE MAMA METASTATICO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Apresentação do caso
Paciente feminina, 48 anos, cabeleireira, diagnosticada com carcinoma ductal infiltrante de mama com metástase óssea exclusiva, apresentando dor lombar incapacitante e parestesia em membros inferiores, secundárias ao colapso da vértebra T7 e compressão medular (ECOG 3 e KPS 40%). Recusou tratamento oncológico indicado de mastectomia e quimioterapia, por temor da perda da mama e dos cabelos. Devido à instabilidade vertebral, a radioterapia antiálgica foi contraindicada, sendo indicada laminectomia e artrodese para estabilização da coluna e alívio da dor. A cirurgia foi realizada com sucesso, com retorno da mobilidade e alívio dos sintomas. Atualmente, está em tratamento com inibidores de ciclina, com boa resposta clínica (ECOG 1 e KPS 90%), mantendo suas atividades diárias e recebendo cuidados paliativos para manejo de ferida ulcerada na mama.
Discussão
O caso ilustra o desafio de conciliar intervenções médicas com o respeito à autonomia do paciente em um contexto de doença avançada. A recusa inicial da paciente em submeter-se à mastectomia e à quimioterapia impôs a necessidade de um planejamento terapêutico que equilibrasse as melhores práticas clínicas com o respeito às suas preferências pessoais. A opção de neurocirurgia em vez de radioterapia para tratar a instabilidade vertebral foi baseada nos princípios de beneficência e não maleficência, visando evitar complicações adicionais, como fratura vertebral e agravamento da compressão medular. A abordagem multidisciplinar, integrando cuidados paliativos, oncologia clínica e neurocirurgia, permitiu a estabilização da coluna e o controle da dor, respeitando a autonomia da paciente no processo de tomada de decisão.
Considerações finais
A abordagem holística e centrada no paciente demonstrou ser crucial neste caso, onde a autonomia foi respeitada e as intervenções terapêuticas adaptadas às necessidades e preferências da paciente. A equipe desempenhou um papel fundamental ao abordar preocupações emocionais, como o medo da perda da mama e dos cabelos, e ao promover a aceitação do tratamento com uma droga oral que não causava a perda do cabelo. A melhoria significativa do status funcional da paciente reflete o sucesso da abordagem multidisciplinar. O manejo contínuo deve incluir suporte emocional, controle de sintomas e reavaliações periódicas, garantindo que as decisões terapêuticas futuras permaneçam alinhadas com os valores e desejos da paciente, promovendo uma qualidade de vida otimizada em um contexto de cuidados paliativos.
Palavras Chave
Autonomia no cuidado paliativo; cirurgia paliativa; controle de sintomas
Área
Controle de sintomas e qualidade de vida
Autores
LAURA SILVA FREITAS, ANA PAULA BORGES DE SOUZA