Dados do Trabalho

Título

DOR TOTAL: O SOFRIMENTO DA ALMA

Apresentação do caso

IF, 48 anos, casada, 2 filhas, católica, obesa. Agosto, 2021, apresenta melanoma ressecado, recidiva em março com metástases pulmonares e linfonodal. Fez quimioterapia com boa resposta e radioterapia para controle álgico. Evoluiu com mielotoxicidade. Inicia seguimento em ambulatório de cuidados paliativos (CP). Evolui com carcinomatose peritoneal e metástase ósseas. Março, 2023, interna para controle álgico com altas doses de morfina e gabapentina. Identifica-se Dor Total com resistência à psicoterapia. Avaliou-se o componente psicológico, social e espiritual. Dormia bem, mas acordava com gemidos angustiantes e gritos referindo desespero e dor. Apresentada desespero e ansiedade ao ficar desacompanhada. Havia vínculo intenso e pacto de morte entre a paciente e o marido. Neste período, o marido interna por pneumonia, aumenta o sofrimento e os sintomas totais da paciente pela ausência dele. A equipe buscava abordar as questões sociais, emocionais e espirituais, permitindo maior resiliência com a doença e um melhor controle dos sintomas totais.
O marido apresentou quadro de descompensação pulmonar e foi re-internado. Em seguida, a paciente evoluiu com fase ativa de morte. A equipe de CP acionou os demais membros para permitir que o marido estivesse presente nos momentos finais. A paciente evoluiu para óbito dormindo com os sintomas controlados, ao lado do marido e da equipe. Foi possível levar o marido ao velório. Uma semana depois o marido relata que tudo ocorreu da forma planejada. Despediu-se da sua esposa, graças à ação da fisioterapia e enfermagem. Houve imensa gratidão por todo cuidado e pela sensibilidade da equipe em se preocupar de mantê-lo presente em todos os momentos.

Discussão

O melanoma é principal neoplasia no mundo. O envelhecimento e o estilo de vida favorecem o aumento das neoplasias. O paciente que possui doença grave, debilitante e possivelmente incurável, tem indicação de CP. O paciente é biopssicossociocultural. Sua abordagem precisa ser com equipe multidisciplinar. A dor total abrange a influência de fatores físicos, psíquicos, sociais e espirituais na percepção da dor pelo paciente. Valorizar e entender essas dimensões são estratégias para o controle adequado os sintomas.

Considerações finais

Boa comunicação e um bom acolhimento dos sintomas físicos, psicológicos, espirituais e sociais são necessários para instituir um plano de cuidados completo com dignidade e bem-estar. Foi necessário existir sintonia da equipe para a realização do encontro intra e extra-hospitalar.

Palavras Chave

Abordagem Espiritual Assistência Cuidados Paliativos Neoplasia Terminalidade; comunicação em saúde; Dor total