Dados do Trabalho

Título

SENTINELA, A GUARDIA DO CUIDADO NAS COMUNIDADES COMPASSIVAS: RELATO DE EXPERIENCIA

Apresentação do caso

Inspirando-se nos rituais fúnebres da tradição cultural sertaneja e nas pessoas que velavam os seus mortos, a Sentinela é trazida para o contexto dos cuidados paliativos, pela Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, como aquela que atua no cuidado de conforto não farmacológico para o alívio do sofrimento de pacientes, familiares e cuidadores. Com olhar e escuta atentos ao ser integral, à sua biografia e dimensões biopsicossocioespirituais durante as visitas domiciliares aos pacientes, a Sentinela propõe intervenções terapêuticas conforme necessidades e possibilidades observadas. O plano de cuidados inclui escuta compassiva, arteterapia, respiração consciente, massagem, acolhimento de familiares e orientações de cuidado. No trabalho com voluntários locais e cuidadores parentais são oferecidas roda de conversa, yoga, arteterapia, auriculoterapia e massoterapia. Reuniões e supervisões periódicas propiciam acolhimento e troca de experiências entre as Sentinelas.

Discussão

Seu trabalho como membro da equipe multiprofissional nas Comunidades Compassivas iniciou-se em 2024 pelas Sentinelas formadas na Casa do Cuidar, com o objetivo de construir possibilidades de atuação no contexto de vulneração social. Foram observados uma boa aceitação das intervenções, criação de vínculo com contribuição no bem-estar do paciente e reconhecimento por parte da equipe. O programa para quem cuida teve alto grau de interesse e confiança para abertura de conversas sensíveis, promovendo alívio de estresse, desenvolvimento de recursos para autocuidado e senso de pertencimento. Seu papel multifacetado amplia a potência do cuidado, que só é integral quando quem cuida também se cuida e permite ser cuidado. Neste âmbito nota-se uma potente rede de apoio entre as Sentinelas.

Considerações finais

Os desafios de um projeto de assistência de cuidados paliativos em comunidades vulneradas são imensos, assim como as oportunidades de cuidar. A Sentinela é capaz de detectá-las atentamente e isso lhe permite muitas contribuições. A não exigência de uma profissão na área da saúde para atuação e a sua essência compassiva favorecem a criação de um elo com os moradores, podendo acolher e capacitar o voluntário local ou quando na falta dele, ser a principal agente compassiva do paciente, uma nova oportunidade de ação que se apresenta. Sua atuação vem sendo recém-construída na própria experiência, assim como é o cuidar, tendo como perspectiva a realização de novos estudos para a mensuração de sua contribuição na equipe multiprofissional.

Palavras Chave

Sentinela; comunidade compassiva; Cuidados Paliativos