Dados do Trabalho
Título
“Meu irmão morreu sangrando”
Apresentação do caso
Paciente Nilton Santos Mota, masculino, 48 anos, natural de Vitória da Conquista-BA, tabagista de longa data, ex-etilista, diagnosticado com Neoplasia Maligna do Lábio Superior em setembro de 2021. Comparece à USF Conveima 1, no mês de janeiro de 2024 para realizar curativo de lesão oncológica (ferida tumoral ulcerada, volumosa, exsudativa, com odor fétido, em região cervical à direita) associado à edema de lábios, protrusão e edema da língua e edema infraorbital à direita. Com gastrostomia, em uso de: Morfina, Gabapentina, Amitriptilina, Tilestal e Dipirona. Nega preocupações e confia na cura de Deus.
Acompanhado no Serviço de Oncologia do municipio, com proposta (feita pelo oncologista) de acompanhamento na USF para curativos. Iniciado curativos com Metronidazol (01 comprimido de 250mg diluído em 250ml de SF 0,9%) para controle de odor e infeccão, discutido prognótico com o paciente e família, abordado sobre manejo e o risco de sangramento ativo.
Dada a potencial gravidade, o paciente faleceu com quadro de hemorragia maciça em abril, no serviço de emergência, sem medidas de conforto. Durante a visita a família enlutada, uma das irmãs falou: “meu irmão morreu sangrando”.
Discussão
O cancer oral provoca graves consequências na saúde das pessoas, produzindo deformidades e mutilações físicas e funcionais que afetam gravemente o contexto psicológico, econômico, social e familiar dos pacientes, bem como a sua qualidade de vida em geral. Uma das expressões mais comuns do câncer bucal é o carcinoma espinocelular (CEC), neoplasia maligna resultante de epitélio plano estratificado, pouco conhecido e associado a fatores genéticos e exógenos como dieta, consumo de álcool, tabagismo e exposição solar.
As feridas neoplásicas malignas constituem uma das preocupações na assistência à saúde de pacientes com câncer, já que podem ocasionar dor e provável alteração da imagem corporal, que irão interfirir na qualidade de vida dessas pessoas e suas famílias. Sangramentos agudos propiciam cenários sempre dramáticos para o paciente e sua familia, atigindo cerca de 10 a 20% dos paciente com câncer em fase avançada.
Considerações finais
Mesmo em pacientes que não apresentem propostas de tratamento específico, hemorragia podem ser contornadas com sucesso, sem medidas obstinadas, permitindo que os pacientes usufruam de algum tempo de sobrevida com qualidade. Nos casos em que a hemorragia é maciça e eminentemente fatal, o foco do atendimento deverá proporcionar alívio do sofrimento para o paciente e seus familiares.
Palavras Chave
Hemorragia; Ferida Tumoral ulcerativa; Controlo sintomático
Área
Controle de sintomas e qualidade de vida
Autores
DANIELE PEDROZA DA SILVA , LIVIA PAULA FREITAS DE CALADO