Dados do Trabalho

Título

O PLANEJAMENTO AVANÇADO DE CUIDADOS NA ASSISTENCIA EM CUIDADOS PALIATIVOS DE PACIENTE PRE TRANSPLANTE CARDIACO.

Apresentação do caso

JS, 67 anos, masculino, casado, portador de insuficiência cardíaca NYHA IV, tinha três internações no último ano, listado para transplante cardíaco. Permaneceu 8 meses nas alas da cardiologia, sendo a maior parte em ambiente de UTI, pelo uso de inotrópicos e monitorização contínua. Desenvolveu quadro de depressão e síndrome da fragilidade. Anorexia, fadiga, insônia, dor torácica e dispneia em repouso eram seus principais sintomas manejados pela equipe de Cuidados Paliativos. Nas reuniões junto a equipe de transplante cardíaco, as fragilidades multidimensionais do paciente eram discutidas para melhor abordagem no controle de sintomas, além das necessárias mudanças dos objetivos de cuidado. Frente a uma longa espera pelo coração, o paciente não preenchia mais os critérios para elegibilidade ao transplante cardíaco, sobretudo pela sarcopenia e pela insuficiência de suporte social e familiar. O humor depressivo, a queda de funcionalidade, assim como o adoecimento físico e mental da esposa, foram os principais fatores determinantes para um Planejamento Avançado de Cuidados (PAC) na elaboração de um cuidado de fim de vida.

Discussão

A longa espera pelo coração, ocasiona em maior permanência hospitalar, alta dependência para inotrópicos e susceptibilidade a síndrome da fragilidade. Os impactos da insuficiência cardíaca requer uma anamnese direcionada para as dimensões além dos sintomas cardíacos. A interdisciplinaridade entre as equipes é crucial na abordagem de pacientes pré transplante, vista a alta complexidade do cuidado. Estima-se que menos de 10% desses pacientes discutem o Planejamento Avançado de Cuidados (PAC) junto a sua equipe de saúde, aumentando o risco de afastarem-se de seus valores de vida e preferências, prejudicando diretamente sua concepção de qualidade de vida. A elaboração da PAC reconhece a autonomia do paciente e valida o processo de tomada de decisão compartilhada (equipe, paciente e família), implicando em uma melhor assistência em promoção da qualidade de vida do cuidado individualizado.

Considerações finais

Os pacientes elegíveis ao transplantes recebem cuidados intensivos, porém é raro que recebam assistência dos cuidados paliativos. Os cuidados paliativos são uma importante abordagem na assistência de pacientes pré e pós transplantes de órgãos sólidos. Garantir precocemente um Planejamento Avançado de Cuidados diminui a sobrecarga da equipe para tomada de decisões, além de garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente elegível ao transplante.

Palavras Chave

Doenças Cardiovasculares; Planejamento Antecipado de Cuidados; Abordagem Multidisciplinar da Assistência