Dados do Trabalho

Título

PERFIL FARMACOLOGICO DE PACIENTES PEDIATRICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: DIFERENÇAS ENTRE PACIENTES COM DOENÇAS NEUROLOGICAS E NAO NEUROLOGICAS INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Introdução

A probabilidade de ocorrência de um evento adverso medicamentoso na pediatria é multiplicada por 3 em relação à população adulta. Uma subpopulação que devemos nos atentar é a que possui indicação de Cuidados Paliativos Pediátricos (CPP), uma vez que contempla pacientes com doenças crônicas complexas, onde a polifarmácia (uso de 4 ou mais medicações diárias) é frequente. Ressalta-se que 76% das crianças com comprometimento neurológico tomam pelo menos 10 medicações diariamente, com risco 12 vezes maior de ter um erro de reconciliação em comparação com pacientes com outros tipos de doenças.

Objetivo e Método

Comparar o perfil farmacológico dos pacientes com e sem condições neurológicas internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), avaliados pela equipe de CPP de um hospital universitário, com idades entre 0 e 18 anos (inclusive), no período de Março de 2023 a Junho de 2024. Trata-se de estudo retrospectivo e observacional, as informações foram obtidas através da revisão de prontuários médicos. Foram analisadas medicações de uso contínuo (MUC) dos pacientes antes da admissão hospitalar; no primeiro dia após o início do acompanhamento pelos CPP na UTIP e na alta hospitalar. A análise das interações farmacológicas foi obtida através de busca nas bases UpToDate e Micromedex. Optou-se por avaliar apenas as interações na alta hospitalar, classificadas como leve, moderada, moderada a grave e grave. Os dados epidemiológicos foram analisados por meio de frequências absolutas e relativas para as variáveis avaliadas através de formulário padronizado pelos autores.

Resultados

Foram acompanhados 96 pacientes, sendo 58 neurológicos (PN) e 38 não neurológicos (PNN). Na internação, verificou-se que ambos os grupos apresentaram polifarmácia (92.1% dos PNN e 84.5% dos PN). Observou-se que a quantidade média de MUC em uso no período anterior à internação foi de 3,8 nos PN e de 4,63 nos PNN. A análise farmacológica das MUC prescritas na alta foi realizada em 47 PN e 20 PNN, uma vez que 29 pacientes não tiveram desfecho para domicílio, verificando-se incremento em 88% de medicações prescritas para os PN e 77% para os PNN. Interações medicamentosas foram observadas em 42,55% dos PN, sendo 5% leves, 55% moderadas, 35% moderadas a graves e 5% graves e em 25% dos PNN, sendo 40% leves e 60% moderadas.

Conclusão/Considerações finais

Há necessidade de atenção especial à gestão da polifarmácia e às interações medicamentosas nos pacientes em CPP, com foco em pacientes neurológicos, que contêm interações farmacológicas mais intensas.

Referências

1. Bogetz JF, Lemmon ME. Pediatric Palliative Care for Children With Severe Neurological Impairment and Their Families. Journal of Pain and Symptom Management 2021;62:662–7.
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6. World Health Organization. Medication Without Harm: Global Patient Safety Challenge on Medication Safety. Geneva: World Health Organization, 2017. p 1-16.

Palavras Chave

Cuidados neuropaliativos; Cuidados Paliativos Pediátricos; Polifarmácia