Dados do Trabalho
Título
LIGAÇOES DE ACOLHIMENTO POS-OBITO: CONTINUIDADE NA PREVENÇAO AO LUTO COMPLICADO DOS FAMILIARES DE PACIENTES DE UM AMBULATORIO DE CUIDADOS PALIATIVOS
Introdução
O Cuidado Paliativo tem como meta o alívio do sofrimento de pacientes que apresentam doenças crônicas, agudas e ameaçadoras à vida. Devido aos impactos do adoecimento na dinâmica familiar, estes devem ser incluídas no escopo de cuidado do momento do diagnóstico até o pós-óbito/luto. Discussões na literatura apontam que intervenções de acolhimento e incentivo à expressão emocional aos familiares, promovidos pela escuta psicológica especializada, têm o potencial de configurarem fatores de proteção ao desenvolvimento de luto complicado (Toyoda; Santos, 2021).
Objetivo e Método
O objetivo deste trabalho é caracterizar o serviço de ligações de acolhimento pós-óbito a familiares enlutados, realizadas pela equipe de psicologia de uma unidade de Cuidados Paliativos em um hospital público de São Paulo. Trata-se de um estudo transversal quantitativo descritivo que utilizou o banco de dados de planilhas desenvolvidas pela equipe de psicologia. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê Ética e Pesquisa da Instituição sob o número CAAE 52253421.0.0000.0068.
Resultados
No período de maio de 2022 a junho de 2024, foram realizadas 125 ligações pós-óbito a 107 familiares. As ligações foram efetuadas cerca de 15 dias após o óbito de pacientes acompanhados pelo serviço de Cuidados Paliativos, em contexto de enfermaria, ambulatório e interconsulta. Referente ao perfil dos familiares acolhidos, houve prevalência do gênero feminino (81,3%) e do estado civil casado (33,6%). Nessa proposta de acolhimento, está prevista a realização de até três ligações, cujo intuito é a avaliação do processo de luto, identificação de fatores potencialmente complicadores e promoção de encaminhamentos, se necessário. Das ligações efetuadas, 68,22% dos familiares não apresentaram indícios de luto complicado; 1,8% recusaram o acompanhamento; 7,4% não atenderam a ligação; 2,8% foram encaminhados para a rede externa; e 19,78% para o ambulatório de luto da instituição.
Conclusão/Considerações finais
As ligações pós-óbito evidenciaram uma porcentagem considerável (22,58%) de familiares que depararam-se com dificuldades para a assimilação e elaboração de seu processo de luto, necessitando de acompanhamento especializado. Exibiram, ainda, a existência de obstáculos à continuidade do cuidado e à autopercepção dos familiares sobre essa demanda, dado a recusa (1,8%) e baixa adesão ao acolhimento (7,4%).
Referências
TOYODA, J.Y.R.; SANTOS, A.B.B. Cuidado ao luto pela COVID-19. In: SANTI, D.B.D. Cuidados Paliativos na Prática Clínica em Tempos de COVID-19. Rio de Janeiro: Atheneu, 2021. p. 87-97.
Palavras Chave
Cuidados Paliativos; Luto; acolhimento
Área
Modalidades de atendimento
Instituições
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP/SP - São Paulo - Brasil
Autores
ANA GABRIELA FRIGERI BARBOZA, ALICE ALVES FERREIRA, RICARDO TAVARES DE CARVALHO, ANA BEATRIZ BRANDÃO DOS SANTOS