Dados do Trabalho
Título
O USO DE ANTIMICROBIANOS EM PACIENTES AVALIADOS POR EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS EM HOSPITAL UNIVERSITARIO
Introdução
O uso de antimicrobianos em pacientes em fase de terminalidade ou fase final de vida pode ser adequado no contexto de controle de sintomas ou tratamento de intercorrências agudas reversíveis, porém pode trazer efeitos negativos, como reações adversas e pressão seletiva, sem contribuir para a promoção de controle de sintomas e qualidade de vida.
Objetivo e Método
Objetivo: Descrever a frequência de uso de antimicrobianos durante internação de pacientes que receberam interconsulta por equipe de Cuidados Paliativos, avaliando uso em diferentes fases de doença e caracterizando número de ciclos usados.
Método: Dados coletados após o desfecho dos casos avaliados pela equipe de interconsulta de Cuidados Paliativos foram analisados, de forma anonimizada, gerando tabelas e análise estatística básica.
Resultados
Entre Março de 2023 e Abril de 2024, 1011 pacientes foram atendidos pelo serviço de interconsulta de Cuidados Paliativos. Destes, 654 (65%) pacientes haviam utilizado algum antimicrobiano durante a internação. Dos pacientes que utilizaram antimicrobianos, 331 (50%) realizaram apenas 1 ciclo, 178 (27%) realizaram 2 ciclos, 71 (11%) realizaram 3 ciclos, 47 (7%) realizaram 4 ciclos e 26 (4%) realizaram 5 ciclos ou mais. Dos 1011 pacientes, 471(46,6%) foram considerados estando em fase final de vida e 306 destes (65%) receberam antimicrobianos naquela internação e apenas 104 (34%) tiveram isolamento de microorganismo nas culturas coletadas. Dentre os pacientes em fase final de vida, a utilização de antimicrobianos de amplo espectro foi expressiva com 85 prescrições de Piperacilina-Tazobactam, 50 de Vancomicina, 30 de Meropenem, 2 Polimixina B, muitos deles associados num mesmo ciclo de tratamento.
Dos 26 pacientes que utilizaram 5 ou mais ciclos de antimicrobianos, 1 teve alta hospitalar, 10 foram a óbito em leito de origem e 9 foram transferidos para enfermaria de Cuidados Paliativos
Conclusão/Considerações finais
O uso de antibióticos é comum em pacientes para os quais são solicitadas avaliações pela equipe de CP com metade dos casos recebendo mais de um ciclo de tratamento. No final da vida a porcentagem de uso mantem-se elevada, a maioria sem coleta de cultura orientadora e com frequente uso de antibioticoterapia de amplo espectro, sem impacto evolução para o óbito. Faz-se necessária análise criteriosa do real impacto do uso de antimicrobianos no fim da vida.
Referências
Correa TL, Quitete MA, do Nascimento CR, Carbone RP, de Carvalho RT, Rocha JA. Profile of Antimicrobial Consumption in Patients Assisted by a Palliative Care Team During the COVID-19 Pandemic in Brazil. Am J Hosp.
Karlin D, Pham C, Furukawa D, Kaur I, Martin E, Kates O, Vijayan T. State-of-the-Art Review: Use of Antimicrobials at the End of Life. Clin Infect Dis. 2024 Mar 20;78(3):e27-e36.
Kim JH, Yoo SH, Keam B, Heo DS. The impact of palliative care consultation on reducing antibiotic overuse in hospitalized patients with terminal cancer at the end of life: a propensity score-weighting study. J Antimicrob Chemother. 2022 Dec 23;78(1):302-308.
Palavras Chave
ANTIBIOTICOTERAPIA NA FASE FINAL DE VIDA; Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida
Área
Outras áreas
Instituições
HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil
Autores
GISELLA ANGELICA ZAPATA TAKAHASHI, MAIARA VEIGA COUTINHO, RODRIGO LIMA DOS SANTOS, RICARDO TAVARES DE CARVALHO