Dados do Trabalho
Título
Visita Terapêutica: abrindo portas, revisitando a vida
Introdução
A palavra domicílio vem do latim Domus, que significa casa. A casa, para a maioria das famílias, é um espaço de (con)viver, onde criam-se vínculos, valores e afeto, bem como desafeto e abandono. Este espaço se tornou um campo de atuação para profissionais da saúde, incorporando cuidados e alterando rotinas1. Os cuidados paliativos promovem qualidade de vida, prevenindo e aliviando o sofrimento em pacientes com doenças crônicas não transmissíveis sem perspectiva de cura, auxiliando no processo de morrer2. O retorno de pacientes em cuidados paliativos ao lar é um desafio à equipe multidisciplinar pelos inúmeros fatores que interferem neste regresso, e a casa como referência familiar também sofrerá mudanças. Relataremos a experiência do retorno à casa como uma ferramenta de cuidado nomeada Visita Terapêutica (VT).
Objetivo e Método
O objetivo deste trabalho é relatar a experiência da VT, com tempo determinado, como modelo de cuidado e possibilidade de convivência com os familiares para pacientes em final de vida internados no serviço de Cuidados Paliativos de um hospital terciário do Rio Grande do Sul.
Trata-se de um estudo descritivo, na modalidade relato de experiência, sobre a construção da VT como um modelo de cuidado pela equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos.
Resultados
A ida para casa nasce das narrativas de pacientes em fase final de vida e do desejo de retornar ao lar e visitar familiares e amigos. A construção da VT como modelo de cuidado iniciou em 2019 em colaboração com a Gerência de Internação, Gerência de Materiais e Núcleo Interno de Regulação da instituição. A partir de 2020, os pacientes internados na unidade de Cuidados Paliativos, após avaliação e liberação médica e conforme seu desejo, podem revisitar o lar, comemorar aniversários, despedir-se de amigos e pets, relembrar memórias e resolver pendências. Na VT, o paciente pode ficar até 4 dias fora do hospital com a garantia do leito e com medicação fornecida pela instituição. O transporte ocorre com a ambulância do hospital. Ao reinternar, não passa pela emergência. Caso haja piora no quadro, o retorno ao hospital poderá ser antecipado.
Conclusão/Considerações finais
A VT tem sido uma ferramenta de cuidado com corresponsabilização entre instituição, profissionais, pacientes e família. A valorização do desejo transformado em cuidado respeita a dimensão subjetiva, fortalecendo a comunicação e a reflexão dos pacientes-sujeitos. A VT oportuniza encontros e o protagonismo dos pacientes, mesmo quando a morte se faz tão presente.
Referências
1.MAGNANI, J. G. C. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 11–29, jun. 2002.
2.RODRIGUES MATOS, M. et al. Representações sociais do processo de adoecimento dos pacientes oncológicos em cuidados paliativos no domicílio. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 7, n. 3, 2017.
Palavras Chave
Cuidados Paliativos; Cuidados de Fim de Vida; Domicílio
Área
Modalidades de atendimento
Instituições
Grupo Hospitalar Conceição - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
NÁRA SELAIMEN GAERTNER AZEREDO, ANELISE KIRST DA SILVA