Dados do Trabalho
Título
RELATO DE USO DE QUETAMINA INTRA-HOSPITALAR COMO ALTERNATIVA PARA DEPRESSAO RECORRENTE EM PACIENTE ONCOLOGICA, EM FASE FINAL DE VIDA
Apresentação do caso
Paciente feminina, 49 anos, portadora de carcinoma de células claras renais com acometimento pulmonar, linfonodal e ósseo extensos, sem proposta de tratamento modificador de doença. Apresenta diagnóstico de transtorno depressivo recorrente (com possível transtorno de personalidade subjacente) de longa data, sem controle efetivo há longo prazo, incluindo ideações suicidas.
Admitida por fratura patológica de quadril, evoluindo com internação prolongada devido deiscência de ferida operatória com necessidade de curativo complexo. Ao longo da hospitalização, verificada pouca melhora de sintomas depressivos a despeito de acompanhamento psicológico e ajustes farmacológicos progressivos. Optado por administração de quetamina via subcutânea como ponte para reabilitação, através de protocolo específico.
Discussão
A depressão é a comorbidade mais prevalente em pacientes com doenças crônicas e apresenta uma incidência/prevalência alta em pacientes cuja proposta terapêutica não mais é modificadora de doença. Evidencia-se ainda que os quadros depressivos promovem uma maior taxa de internações clínicas, maior tempo de hospitalização e pior prognóstico em pacientes em cuidados paliativos. Desde a elucidação das teorias das monoaminas, diversos fármacos têm sido associado com a melhora dos sintomas depressivos e mais recentemente a quetamina tem se mostrado uma opção terapêutica em quadros de depressões resistentes e ideações suicidas. Tal droga é antagonista de receptores NMDA (N-metil-D-aspartato). As vias de administração mais comumente relacionadas aos efeitos antidepressivos são: intranasal, intravenosa e subcutânea. Neste caso relatado, a opção pela via subcutânea foi realizada pois exige um tempo menor de monitoramento dos efeitos adversos pelo profissional de saúde, facilitando assim a logística da assistência na enfermaria. A quetamina induz rapidamente os efeitos antidepressivos comparado com o tempo de ação de outras medicações, além de diminuição significativa da ideação suicida e anedonia; evidenciando-se também um aumento no fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF-alfa), impactando positivamente a rede neuronal e a função cognitiva.
Considerações finais
Pensando em pacientes cuja a sobrevida encontra-se limitada, a quetamina tem sido um recurso terapêutico que pode promover uma melhora na qualidade de vida, com adequada interação com social, incremento cognitivo para tomada de decisão, melhor integração corpo-mente, corroborando assim para uma melhor qualidade de morte.
Palavras Chave
Quetamina; Depressão; Cuidados de Fim de Vida
Área
Controle de sintomas e qualidade de vida
Instituições
Hospital Municipal Vila Santa Catarina - São Paulo - Brasil
Autores
DANIELE CHAVES ROCHA, LUCIANA PIRES DE LIMA, MARCIO VERONESI FUKUDA, DANIELLE DE MAGALHAES DE BARROS, THAIS LOPES BASTOS, RICARDO VILELA MEDEIROS