Dados do Trabalho
Título
ATENDIMENTO DOMICILIAR: VINCULOS AFETIVOS E DISTANASIA
Apresentação do caso
sexo masculino, 31 anos, indicação de cuidados paliativos desde o nascimento - síndrome da Paralisia Cerebral que repercute com alterações neurológicas permanentes afetando o desenvolvimento motor, cognitivo, sensorial. Evoluiu secundariamente para alterações respiratórias que impactam na funcionalidade e outras alterações que ameaçam a vida. Apresentou mudanças de quadro ao longo do curso de vida (necessitando de sonda gástrica, traqueostomia + aparelho de pressão positiva). Enfim, cursa com alterações em todas as dimensões do cuidado: física, emocional, social e espiritual.
Discussão
O PPS basal do paciente era 30% e KPS 40%, ambos decaindo para 10% no último mês de vida. A mãe era a principal cuidadora e completamente dedicada aos cuidados com o filho, sentindo-se sobrecarregada por muitas vezes. Ela se sentia culpada pela “doença” do filho e a morte seria quase como “castigo de Deus”. A equipe multidisciplinar de atendimento domiciliar conseguiu construir com ela, ao longo dos 06 anos de atendimento ao paciente, a elaboração do luto antecipatório e a consciência diagnóstica da condição do paciente, levando a mãe a uma melhor aceitação sobre a finitude do filho. No entanto, essa mesma proximidade e vínculos criados foram fatores dificultadores para aceitação da terminalidade do paciente pela própria equipe que foi além do vínculo de segurança e profissional criado entre ambos, adentrando na dimensão pessoal e dificultando a tomada de decisão da família em trabalhar o processo de terminalidade, sendo isso um complicador. Em muitos momentos ocorreu a distanásia pela equipe, buscando prolongar a vida do paciente: exames e medicamentos desnecessários para o momento. Porém, após o falecimento do paciente, a equipe compreendeu suas falhas e tem buscado uma maior capacitação para o atendimento domiciliar durante todo o processo de morte.
Considerações finais
Após o desenrolar de todo o processo de morte do paciente, a equipe precisou refletir e se questionar sobre sua conduta durante esse tempo. Perceberam o quanto se deixaram envolver emocionalmente, aumentando a angústia da família em muitos momentos. A transferência de emoções acabou levando a um processo de distanásia pela própria equipe, nos últimos meses de vida do paciente. O Trabalho da equipe poderia ter sido focado no controle dos sintomas do paciente, tornando seus últimos momentos menos dolorosos.
Palavras Chave
Cuidados Paliativos; Atendimento domiciliar; Distanásia
Área
Controle de sintomas e qualidade de vida
Autores
ERICA ABJAUDI CARDOSO