Dados do Trabalho
Título
DESAFIOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS DE PACIENTES COM OBESIDADE GRAVE E REFLEXOES SOBRE A REDUÇAO DAS INIQUIDADES NO ATENDIMENTO
Apresentação do caso
Paciente feminina, 41 anos, com lipossarcoma mixóide de alto grau em coxa direita, asma, hipertensão arterial, além de obesidade grave (IMC 77,8, peso 225kg), o que a mantém acamada desde 2022. Foi tratada, em unidade oncológica de alta complexidade no Rio de Janeiro, com ressecção em abril de 2019 e outubro de 2022 devido à recidiva de doença. Em junho de 2024 a doença progrediu para pulmão, mediastino, arcos costais e ísquio direito, levando ao encaminhamento para o serviço de assistência domiciliar na unidade de Cuidados Paliativos da mesma instituição com KPS 40%. Recentemente, apresentou quadro sugestivo de Síndrome de Compressão Medular, cujo diagnóstico definitivo e tratamento otimizado são dificultados pela obesidade grave, limitando o acesso a procedimentos diagnósticos por imagem e terapêuticos, além de comprometer o acesso a cuidados de saúde adequados devido às dificuldades logísticas relacionadas à mobilidade e à necessidade de equipamentos especializados.
Discussão
A gestão de cuidados para pacientes obesos graves apresenta desafios significativos, comprometendo o diagnóstico, o tratamento e o acesso à cuidados de saúde adequados. Dados recentes do IBGE apontam que 20% da população adulta no Brasil é obesa, destacando a relevância do problema. A obesidade pode gerar alterações na farmacocinética e farmacodinâmica dificultando o ajuste das doses de medicamentos e aumentando o risco de efeitos adversos ou subtratamento. Além disso, também está associada a apneia do sono e restrição torácica, alterando a dinâmica respiratória e exigindo cautela no uso de opioides e outros fármacos que possam afetar a função respiratória. Esses fatores não apenas comprometem a segurança e eficácia no controle dos sintomas, mas também elevam os custos de saúde devido à necessidade de cuidados complexos, internações prolongadas e uso de tecnologias avançadas. Estudos mostram que pacientes obesos têm menor probabilidade de serem admitidos em cuidados paliativos devido a preconceitos e estigmatização, exacerbando as desigualdades no acesso para essa população.
Considerações finais
Portanto, é crucial a formação contínua dos profissionais de saúde para reduzir essas iniquidades e melhorar o atendimento, ao mesmo tempo em que se busca otimizar o uso dos recursos no sistema de saúde. O caso destaca a urgência de abordagens integradas e equitativas, com intervenções estruturais e protocolos especializados, para garantir um atendimento humanizado e alinhado aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Palavras Chave
Obesidade grave; Cuidados Paliativos; Desigualdade no acesso à saúde
Área
Populações
Instituições
Hospital do Câncer IV - Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
PAULA ALMEIDA RAMOS, CRISTHIANE SILVA PINTO