Dados do Trabalho
Título
A ARTE DO CUIDADO PALIATIVO NA PERSPECTIVA DE SPINOZA
Apresentação do caso
Baruch Spinoza, um dos grandes pensadores do século XVII, ofereceu uma visão da realidade que integra natureza, emoção e racionalidade. Sua filosofia, que conecta o ser humano à natureza de forma inseparável, traz uma compreensão profunda sobre o cuidado, especialmente quando pensada sob o enfoque dos cuidados paliativos. Spinoza acreditava que os seres humanos são expressividades da natureza, e que os afetos – como a alegria, a dor, o medo e a esperança – fazem parte de nossa essência. Sob essa perspectiva, o cuidar se transforma em um ato de reconhecimento da unidade entre todos os seres e do poder da compaixão em aliviar o sofrimento.
Discussão
Nos cuidados paliativos, a filosofia de Spinoza abre caminho para uma abordagem mais holística, onde o ato de cuidar não é simplesmente aliviar a dor física, mas também cuidar da "alma" – ou, nas palavras dele, do conatus, a força interna que busca perseverar na existência. Para Spinoza, compreender a fragilidade e interdependência de todos os seres nos conduz a um cuidado que transcende a técnica e se aproxima da empatia e da solidariedade. O cuidador, seja profissional ou familiar, nesse sentido, se torna uma extensão do paciente, compartilhando da mesma teia da natureza, e o ato de cuidar passa a ser um movimento em direção ao bem-estar comum. Essa ideia encontra ressonância na prática paliativista? Os cuidados paliativos, que se concentram na qualidade de vida e no alívio do sofrimento, podem ser vistos como uma prática spinoziana, onde a dignidade e o bem-estar do outro são prioridades. Nesse contexto, o cuidado torna-se uma arte: não um procedimento, mas um encontro de afetos, em que o cuidador e o paciente se influenciam mutuamente, criando um ambiente de serenidade e aceitação. Assim, o cuidado pode ser comparado a um jardim que exige atenção constante. O jardineiro não controla o crescimento das plantas, mas cultiva o ambiente para que floresçam, o cuidador, inspirado por Spinoza, nutre o terreno do paciente, permitindo que a vida siga seu curso. Sob essa ótica, o cuidar é um ato de amor pela existência, que não busca apenas curar, mas honrar o tempo com qualidade de vida, tornando-o pleno e significativo.
Considerações finais
Nesse breve diálogo, entre os cuidados paliativos e a filosofia de Spinoza, observa-se o cuidar como ato de compreensão e aceitação do ciclo natural da vida, uma dança entre a fragilidade e a força, onde o respeito à individualidade e à conexão entre todos os seres é o alicerce para um cuidado digno e compassivo.
Palavras Chave
Spinoza; Cuidados Paliativos; Cuidado
Área
Outras áreas
Instituições
UECE - Ceará - Brasil
Autores
FRANCISCA JOELMA DE OLIVEIRA FERREIRA, EMANUEL ANGELO DA ROCHA FRAGOSO, CARLOS WAGNER BENEVIDES GOMES, EVILANIA DE SOUZA SOARES, LUCIANA MARTINS QUIXADÁ, VERA LUCIA MENDES DE PAULA PESSOA