Dados do Trabalho
Título
EXPERIENCIA DE EXTUBAÇAO PALIATIVA EM PACIENTE PEDIATRICO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Apresentação do caso
Trata-se de lactente admitida em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de hospital público aos 10 meses de vida, por quase afogamento em piscina doméstica, para onde engatinhou após ter sido amamentada. Estimados 4 minutos de submersão e reanimação cardiopulmonar por 45 minutos. Tomografias de crânio sequenciais mostraram edema cerebral difuso com isquemia em todo córtex, bilateralmente, evolução para áreas de necrose e atrofia cerebral, além de lesões irreversíveis também em tronco cerebral. As pupilas eram médias não fotorreagentes desde a admissão, com alguns reflexos de tronco cerebral presentes, sem despertar, sem respiração efetiva e sem movimentação espontânea. Eletroencefalograma mostrou ausência de crises convulsivas e disfunção córtico-subcortical difusa, com comprometimento das conexões talamocorticais, decorrente de encefalopatia anóxica. Neurocirurgiões descreveram quadro neurológico irreversível e com prognóstico reservadíssimo. A manifestação da mãe era enfática: “para mim, criança tem que estar brincando! Passar a vida respirando por aparelhos e comendo por um tubo? Isso não é vida de criança!” Com explanação sobre possíveis planos de cuidados, disse: “Por mim, não autorizo traqueostomia e gastrotomia, mas de nada serve meu Não, se a opinião do pai for diferente”. Pai trazia a expectativa pelo milagre, com plena recuperação da filha. Com o passar dos dias e acompanhamento da evolução, concordaram pela extubação paliativa. Houve anuência com equipe de cuidados paliativos do hospital, assim como entre membros da equipe médica e multidisciplinar da unidade. Respeitadas preferências e desejos dos pais, a bebê foi extubada e colocada de bruços sobre sua mãe, de macacão rosa e laço no cabelo. Tocava música no quarto e não havia choro. Óbito ocorreu após 48h, quando o pai havia saído para tomar café da manhã. Segundo ele, ela quis partir só ela e Deus.
Discussão
Reuniões com pais e familiares foram baseadas na nova estratégia de comunicação, desenvolvida e implementada no Brasil por Forte e colaboradores (2024), onde descrevem a hierarquia das necessidades de comunicação, com níveis específicos que são essenciais em ambientes de alta emoção e baixa confiança. Revisão literária esclareceu sobre extubação paliativa, mas mostrou escassez de publicações pediátricas.
Considerações finais
O trabalho colaborativo e interdisciplinar,
realizado por meio de comunicação técnica e empática, permitiu um cuidado ético centrado na criança e família.
Área
Outras áreas
Instituições
Faculdade Sírio Libanês - Distrito Federal - Brasil, Hospital de Base do Distrito Federal - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica - Distrito Federal - Brasil
Autores
ADRIANA SARAIVA SARTORELLI, THATIANA DE SOUZA GIMENES SOARES