Dados do Trabalho
Título
POTENCIA DE VIVER: A INTERSEÇAO ENTRE A FILOSOFIA DE SPINOZA E OS CUIDADOS PALIATIVOS
Introdução
A relação entre as noções de alegria ativa e passiva de Spinoza e os cuidados paliativos pode ser interpretada dentro de uma perspectiva filosófica que reconhece a multi-dimensionalidade humana, ao considerar a complexidade das emoções e do bem-estar. Na obra Ética, Spinoza destaca a alegria como um afeto central na experiência humana, distinguindo entre alegria ativa e passiva. Essas noções podem ser associadas à prática dos cuidados paliativos, que visam melhorar a qualidade de vida de pacientes/familiares que enfrentam condições de saúde complexas, buscando proporcionar bem-estar físico, emocional e social.
Objetivo e Método
Busca-se analisar a relação entre as noções de alegria ativa e passiva de Spinoza e os cuidados paliativos, destacando o papel da autonomia e da promoção da qualidade de vida. A metodologia baseia-se em uma abordagem filosófica aplicada, relacionando os conceitos spinozianos com a prática multidimensional dos cuidados paliativos, conforme definição da OMS (2023)
Resultados
Spinoza define alegria ativa como o aumento da potência de agir quando o indivíduo é a causa adequada de suas ações, o que promove autodeterminação e harmonia com sua natureza. Nos cuidados paliativos, a autonomia do paciente é fundamental para aumentar sua potência de agir, permitindo-lhe participar ativamente das decisões sobre o tratamento e obter suporte emocional e espiritual. Assim, a alegria ativa pode ser vista na capacidade do paciente de exercer escolhas que promovam seu bem-estar e sentido de vida. A alegria passiva, por outro lado, decorre de influências externas que aumentam a potência de agir sem a sua ação direta . Nos cuidados paliativos, isso ocorre quando o paciente experimenta alívio e conforto por intervenções da equipe de saúde e apoio de cuidadores, aumentando seu bem-estar. O alívio do sofrimento físico, emocional e espiritual, promovido por fatores externos, diz da alegria passiva descrita por Spinoza.
Conclusão/Considerações finais
A relação entre a filosofia de Spinoza e os cuidados paliativos oferece uma reflexão sobre a multi-dimensionalidade humana e o papel da autonomia na promoção da qualidade de vida. A alegria ativa, vinculada à autodeterminação, pode ser estimulada por decisões informadas, enquanto a alegria passiva, advinda do alívio de fatores externos, também contribui de forma significativa para o bem-estar do paciente. Ambas as formas de alegria reforçam o cuidado holístico, basilar na abordagem paliativa, permitindo uma vida mais plena e integrada, independentemente das circunstâncias.
Referências
ANGELO DA ROCHA FRAGOSO, E. O conceito de Alegria em Benedictus de Spinoza e Georges Snyders. Revista Conatus - Filosofia de Spinoza (ISSN 1981-7509), [S. l.], v. 15, n. 25 - Julho, p. 23–28, 2024. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/conatus/article/view/11219. Acesso em: 09 set. 2024.
FRANCO, S. C. A filosofia da eternidade e da finitude: Spinoza e a ética dos cuidados paliativos. Revista Filosofia, v. 32, n. 1, p. 75-89, 2017.
GOMES, Carlos Wagner Benevides. Potência e liberdade no pensamento de Benedictus de Spinoza. Organizadores: Emanuel Angelo da Rocha Fragoso e João Emiliano Fortaleza de Aquino. Fortaleza: EdUECE, 2024.
SOUSA, A. D.; REIS, L. M.; NUNES, A. J. A. Espiritualidade e dignidade no final da vida: uma abordagem aos cuidados paliativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 18, n. 2, p. 393-404, 2015.
SPINOZA, B. de. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Palliative care. 2023. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/palliative-care. Acesso em: 10 set. 2024.
Palavras Chave
Filosofia; Spinoza; Cuidados Paliativos
Área
Outras áreas
Autores
FRANCISCA JOELMA DE OLIVEIRA FERREIRA, EMANUEL ANGELO DA ROCHA FRAGOSO, CARLOS WAGNER BENEVIDES GOMES, EVILANIA DE SOUZA SOARES, LUCIANA MARTINS QUIXADÁ, VERA LÚCIA MENDES DE PAULA PESSOA