Dados do Trabalho

Título

POTENCIA, ALEGRIA E CUIDADO: UM DIALOGO ENTRE SPINOZA E OS CUIDADOS PALIATIVOS

Introdução

Este texto busca explorar como a teoria dos afetos de Spinoza, em especial os conceitos de ação, paixão e conatus, pode ser relacionada ao contexto dos cuidados paliativos. A filosofia spinozana nos oferece uma compreensão profunda sobre o aumento ou a diminuição das potências de agir (corpo) e de pensar (mente), diretamente influenciadas pela qualidade dos afetos e da consciência. Nos cuidados paliativos, a promoção da qualidade de vida é o foco central, esses conceitos podem fornecer uma base teórica para abordar o bem-estar físico, emocional e espiritual dos pacientes.

Objetivo e Método

Busca-se estabelecer uma conexão entre os conceitos spinozianos de alegria ativa e passiva, conatus e afetos com os cuidados paliativos. Utilizou-se uma análise filosófica dos textos de Spinoza, como a Ética, relacionando-os com os princípios dos cuidados paliativos, definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que destaca a melhoria da qualidade de vida por meio do alívio de sofrimentos físicos, psicossociais e espirituais. Assim, investigou-se como a potência de agir dos pacientes pode ser ampliada ou diminuída, dependendo das intervenções que recebem.

Resultados

Em Spinoza, a alegria ativa resulta de ações que aumentam a potência do indivíduo, permitindo que ele aja de forma mais autônoma/consciente, enquanto a alegria passiva decorre de influências externas que aumentam a potência sem depender diretamente de uma ação consciente. Nos cuidados paliativos, a alegria ativa pode ser associada à autonomia do paciente/familiar ao participar ativamente nas decisões sobre o tratamento, permitindo-lhe viver com mais qualidade e dignidade. Fortalecer o conatus, ou seja, o esforço do paciente/familiar em perseverar de forma digna, ocorre quando ele é envolvido ativamente no seu cuidado e encontra sentido nas escolhas que faz. Porém, a alegria passiva ocorre nos momentos em que o paciente experimenta alívio por meio de intervenções externas, como o controle da dor, a ajuda de cuidadores ou o suporte emocional da família. Esses fatores, embora externos, têm o poder de melhorar a qualidade de vida do paciente, aumentando sua potência de agir de maneira indireta, mas significativa. Assim, os cuidados paliativos, ao aliviar o sofrimento e proporcionar conforto, aumentam a potência de agir do paciente, mesmo que este não tenha controle sobre esses fatores.

Conclusão/Considerações finais

Spinoza contribui para a compreensão dos cuidados paliativos, destacando a importância da autonomia e do suporte externo na busca pelo bem-estar integrado.

Referências

ANGELO DA ROCHA FRAGOSO, E. O conceito de Alegria em Benedictus de Spinoza e Georges Snyders. Revista Conatus - Filosofia de Spinoza (ISSN 1981-7509), [S. l.], v. 15, n. 25 - Julho, p. 23–28, 2024. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/conatus/article/view/11219. Acesso em: 09 set. 2024.

FRANCO, S. C. A filosofia da eternidade e da finitude: Spinoza e a ética dos cuidados paliativos. Revista Filosofia, v. 32, n. 1, p. 75-89, 2017.

GOMES, Carlos Wagner Benevides. Potência e liberdade no pensamento de Benedictus de Spinoza. Organizadores: Emanuel Angelo da Rocha Fragoso e João Emiliano Fortaleza de Aquino. Fortaleza: EdUECE, 2024.

SOUSA, A. D.; REIS, L. M.; NUNES, A. J. A. Espiritualidade e dignidade no final da vida: uma abordagem aos cuidados paliativos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 18, n. 2, p. 393-404, 2015. SPINOZA, B. de. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Palliative care. 2023. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/palliative-care. Acesso em: 10 set. 2024.

Palavras Chave

Spinoza; Filosofia; Cuidados Paliativos