X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos

Dados do Trabalho


Título

O PAPEL DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM UMA ENFERMARIA DE ONCO-HEMATOLOGIA: RELATO DE EXPERIENCIA

Apresentação do caso

Integrar os cuidados paliativos com os cuidados direcionados à doença para pacientes com neoplasias hematológicas tem um forte potencial para melhorar a carga de sintomas, a qualidade de vida e os cuidados ao final da vida. Múltiplos fatores, incluindo maior incerteza prognóstica no cenário de doenças oncohematológicas, representam desafios para a prestação oportuna de cuidados paliativos. Somos um centro médico acadêmico e referência no serviço público de alta complexidade, dispondo de 15 leitos de hematologia e 5 para o transplante de medula óssea. O atendimento em Cuidados Paliativos é prestado no modelo consultivo, em que profissionais especializados são acionados para emissão de parecer e atuam juntamente com as equipes, apoiando as tomadas de decisões. Em uma análise do Grupo Consultor poucos pacientes (18%) eram encaminhados ao serviço de Cuidados Paliativos. Dados semelhantes ao da literatura, que confirma baixos índices de encaminhamento ou encaminhamento tardio aos Cuidados Paliativos entre pacientes com neoplasias hematológicas.

Discussão

Diante do desafio de integrar os Cuidados Paliativos na Hematologia e identificar mais precocemente pacientes elegíveis, uma das médicas da equipe de Cuidados Paliativos participou semanalmente da Sessão Clínica Multidisciplinar na enfermaria de Oncohematologia, durante 4 meses. Muitos os desafios foram encontrados: percepção errônea persistente sobre o papel dos Cuidados Paliativos, se limitando exclusivamente aos cuidados no final da vida; desinformação sobre a inserção dos Cuidados Paliativos para pacientes em uso de terapias modificadoras de doença ou elegíveis aos transplante de medula óssea; conflito de ideias entre as equipes assistentes; burocracia da logística hospitalar (encaminhamentos, transferências e altas temporárias); manejo de sintomas, principalmente relacionados ao uso de opioides, indefinições sobre planejamento antecipado de cuidados. Como uma das estratégias para sensibilização, a médica paliativista fazia a Pergunta Surpresa (“Você ficaria surpreso se este paciente morresse nos próximos 12 meses?”) para o profissional responsável pelo doente e caso a resposta fosse “eu não ficaria surpreso”, era realizada uma avaliação para aquele doente.

Considerações finais

O uso do gatilho “Pergunta Surpresa” estimulou discussões oportunas sobre os objetivos dos cuidados e aumentou os encaminhamentos para serviço de interconsulta em cuidados paliativos para 77.8%.

Palavras Chave

Cuidados Paliativos; Neoplasias Hematológicas; Pergunta Surpresa

Área

Modalidades de atendimento

Autores

ALINI MARIA ORATHES PONTE SILVA, DIEGO LOPES PAIM MIRANDA, MARCO AURELIO SALVINO, THIAGO THIAGO FAVANO, DAVID PEREIRA, SHEILA NUNES FREITAS