Dados do Trabalho
Título
ATUAÇAO DA PSICOLOGIA EM PROCESSOS DE CUIDADO VOLTADOS A DIGNIDADE DE VIDA E DE MORTE A PACIENTES PALIATIVOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Introdução
Diante da extrema vulnerabilidade vivida por pacientes paliados internados em unidade de terapia intensiva, questiona-se acerca das possibilidades de promover dignidade de vida e de morte a esses sujeitos. Haja vista ser corriqueira a necessidade de intervenções invasivas e a utilização de dispositivos de suporte à vida nesse setor, realidade que pode contrastar com o ideal de humanização preconizado para pacientes em cuidados paliativos. Indaga-se, então, as atribuições do profissional da Psicologia frente a essa desafiadora realidade.
Objetivo e Método
Neste trabalho objetiva-se relatar a experiência do acompanhamento psicológico a pacientes paliados em contexto de unidade de terapia intensiva. Metodologicamente, trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência¹, a partir da atuação num hospital de nível terciário, localizado na cidade de Fortaleza - Ceará. As ações efetuadas ocorreram no período de junho a setembro de 2024, destinadas a pacientes adultos e seus familiares durante período de hospitalização no respectivo setor, visando à humanização do cuidado e à oferta de suporte psicológico.
Resultados
Os pacientes atendidos apresentaram intenso sofrimento emocional, com angústia relacionada ao medo da morte, ao afastamento do convívio familiar e à hospitalização, muitas vezes, prolongada². Diante das demandas emergidas e com o propósito de favorecer a manutenção da dignidade dos sujeitos hospitalizados nesse processo de cuidado, foram realizados atendimento à beira leito, trabalhando-se questões atinentes ao processo de adoecimento, aos cuidados intensivos, à finitude e aos sentimentos surgidos nesse contexto; além de visita guiada de familiares, com estímulo à comunicação afetiva com o paciente e implicação em seu processo de cuidado, bem como a mediação de diálogo com a equipe assistencial. Utilizou-se ainda o preenchimento do prontuário afetivo junto à díade paciente-familiar, resgatando sua biografia e identidade, a visita de crianças e de adolescentes com vínculo significativo com o paciente e recursos lúdicos como estratégia de enfrentamento ao tempo ocioso em longas internações³.
Conclusão/Considerações finais
Apesar dos esforços para qualificar o cuidado ofertado e proporcionar dignidade no contexto de finitude, a experiência de hospitalização repercute em importantes rupturas e impactos emocionais decorrentes da confrontação com o desconhecido e da restrição da autonomia. Assim, a construção do cuidado digno em terapia intensiva perpassa a inclusão de pacientes e familiares.
Referências
¹ Daltro MR, Faria AA. Relato de experiência: Uma narrativa científica na pós-modernidade. Estudos e Pesquisas em Psicologia [Internet]. 2019;19(1):223–37. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812019000100013
² Lucchesi F, Macedo PCM, Marco MAD. Saúde Mental na Unidade de Terapia Intensiva. Rev. SBPH [Internet]. 2008;11(1):19-30. Disponível em: https://revistasbph.emnuvens.com.br/revista/article/view/174
³ Parreiras PS, Pereira VR, Madureira DS, Houri LF. O Tempo Vivido no Centro de Terapia Intensiva: a percepção da passagem do tempo na internação. Revista da SBPH [Internet]. 2020;23(1):109–23. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582020000100010
Palavras Chave
Cuidados Paliativos Psicologia Humanização; Unidade de Terapia Intensiva; Psicologia hospitalar
Área
Modalidades de atendimento
Instituições
Hospital Geral de Fortaleza - Ceará - Brasil
Autores
PEDRO HENRIQUE ALVES SILVA, JORGE LUÍS MAIA MORAIS