X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos

Dados do Trabalho


Título

A FALTA DE PLANEJAMENTO AVANÇADO DE CUIDADOS (PAC) EM PACIENTES ONCOLOGICOS ENCAMINHADOS AO CUIDADO PALIATIVO DOMICILIAR – UM DESAFIO A SER VENCIDO

Introdução

Um número cada vez maior de pacientes oncológicos está sendo derivado ao cuidado paliativo domiciliar. O Planejamento Avançado de Cuidados (PAC) permite que pacientes, familiares e equipe de saúde definam objetivos e tratamentos futuros, alinhados com as preferências do paciente. O PAC envolve: 1. valores e desejos do paciente e família; 2. possíveis evoluções clínicas e desfechos; 3. opções de tratamento; 4. diretivas antecipadas de vontade (DAV); 5. cuidados de fim de vida. Um PAC definido antes ou no momento da admissão em cuidados domiciliários é essencial, particularmente para pacientes com sobrevida estimada menor que seis semanas.

Objetivo e Método

Objetivo: Avaliação preliminar quantitativa sobre o PAC, em pacientes oncológicos com perfil paliativo, no momento da transição de cuidados do hospital ao domicílio. Método: Foram analisados formulários da captação de pacientes transferidos para o programa de cuidados paliativos domiciliares de uma empresa privada de Atenção Domiciliar, de agosto de 2023 a julho de 2024. Os dados incluíam informações demográficas, histórico clínico, escalas de funcionalidade e um questionário sobre dados do PAC.

Resultados

Foram analisados 401 formulários de pacientes oncológicos. Entre eles, 14 tinham ECOG 1, 108 ECOG 2, 188 ECOG 3 e 91 ECOG 4. Quanto ao PPI, 263 eram menores ou iguais a 4, 80 entre 4 e 6 e 58 maior que 6. 36% dos pacientes foram acompanhados por equipe de cuidados paliativos durante a internação ou ambulatorialmente. Para os pacientes com ECOG 3 e 4, e PPI maior que 4, configurando prognóstico restrito, apenas 39% tinham DAV definidas ou iniciadas e somente 17% receberam abordagem sobre preferências de local de óbito.

Conclusão/Considerações finais

O estudo demonstra carência de equipes especializadas em cuidados paliativos no atendimento oncológico com doença avançada. A comunicação continua sendo uma barreira entre profissionais e pacientes nesta situação. Os pacientes admitidos para cuidados paliativos domiciliares em sua maioria não possuem um PAC construído, o que impõe esta construção após a transição do cuidado ao domicílio. Para vencer esse hiato no processo de comunicação, precisamos fortalecer ainda mais as equipes hospitalares, ambulatoriais e domiciliares, aumentando sua capacidade comunicativa, com treinamento e educação continuada.

Referências

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Palavras Chave

Cuidados Paliativos; COMUNICAÇÃO; Domicílio

Área

Outras áreas

Autores

ANA CLAUDIA OLIVEIRA LEPORI, NATHALIA CRISTINA CALDAS BRITO, YASMIN OLIVEIRA DIAS, FERNANDO LUIS SANTOS LOPES, HELOISA GASPAR