Dados do Trabalho
Título
OS EFEITOS DA ESCUTA DA EQUIPE FRENTE AOS CUIDADOS PALIATIVOS
Apresentação do caso
A resistência em realizar cuidados paliativos é evidenciada para além do conhecimento teórico, já reconhecida como uma dificuldade emocional em lidar com a impossibilidade de cura (Netto, Moreto e Aquino, 2024). Em instituição hospitalar que não dispõe de equipe em cuidados paliativos, a psicóloga da unidade oncológica foi convocada para tratar do que faz furo ao discurso médico e é ponto nodal de angústia: a singularidade dos pacientes marcada por aspectos ditos incoerentes pela equipe. Este trabalho pretende discutir os efeitos da escuta da equipe de saúde como fundamental para a decisão compartilhada, princípio caro aos cuidados paliativos. Trata-se de estudo teórico clínico, articulado a vinheta advinda de atendimentos e das situações clínica vividas junto a equipe, através de diário de campo. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer 6040.035. Frente a abordagem cirúrgica muitas vezes permeada por risco e incerteza, a equipe multiprofissional apresentou dificuldades em lidar com a negativa do paciente para inclusão de bolsa de colostomia, classificando-o no rol dos “pacientes paliativos-difíceis”, fato que motivou o chamado à psicologia.
Discussão
O pedido de atendimento a um jovem com câncer colorretal e indicação de colostomia, pôs a equipe na posição de dizer suas dificuldades não técnicas, mas do manejo da relação com esse paciente que dizia apenas que precisava ir embora. Nos balcões e nos corredores, dizer possibilitou elaborar que o melhor para o paciente é o que ele desejava, demarcando a importância de escutar os sentidos atribuídos por cada paciente a sua nova condição subjetiva. Notou-se que o sentimento de pena e o convencimento estavam presentes nos discursos dos profissionais, como uma defesa que os poupava da falta de garantias. Percebeu-se ainda que o “difícil” trata-se da angústia da falta de significantes diante da morte.
Considerações finais
A experiência apontou que se faz importante abrir espaços de escuta para a equipe sobre questões que surgem na relação com o paciente e fazer disso material no planejamento do cuidado. Constatou-se que nas dificuldades apresentadas pelo paciente reside também o potencial terapêutico e os efeitos de escutar a equipe pode ser transformadores na medida em inclui na cena do cuidado o sofrimento do paciente.
NETTO, Marcus Vinícius Rezende Fagundes; MORETTO, Maria Lívia Tourinho; AQUINO, Marita Iglesias. Cuidados paliativos, oncologia e psicanálise. Psicologia na oncologia, 2019.
Palavras Chave
Cuidados Paliativos; Psico-oncologia; Equipe Multiprofissional
Área
Modalidades de atendimento
Instituições
Escola de Saúde Pública do Ceará - ESP - Ceará - Brasil
Autores
JANAINA SILVA DE MELO, SAMARA VASCONCELOS ALVES