Dados do Trabalho
Título
OS CUIDADOS PALIATIVOS NO MANEJO SINTOMATICO DE UMA PACIENTE TRAQUEOSTOMIZADA EM INTERNAMENTO PROLONGADO: RELATO DE CASO
Apresentação do caso
Paciente feminina de 23 anos, PVHA e CD4 < 5 células, iniciou quadro de sintomas respiratórios graves, incluindo tosse produtiva e dispneia, sendo internada na UTI do hospital da cidade de origem e, após alta, apresentou recaída com necessidade de nova internação, desta vez com necessidade de intubação e encaminhamento ao hospital de referência em doenças infecciosas. Foi diagnosticada com várias infecções oportunistas (neurotoxoplasmose, citomegalovirose e pneumocistose) e tratada com terapias modificadoras de doença. Após melhora, a paciente foi transferida para a enfermaria, ainda com traqueostomia e sonda orogástrica (SOG), apresentando secreção oral importante e tosse irritativa significativa. Nesse contexto, foi solicitado acompanhamento conjunto com os Cuidados Paliativos, a fim de reduzir a sialorreia, sendo iniciado escopolamina, amitriptilina e codeína, além de substituição da SOG pela nasoenteral e acompanhamento multidisciplinar com a fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional. A paciente evoluiu com melhora progressiva do estado geral, possibilitando a oclusão do traqueóstomo e a consequente decanulação. Recebeu alta com melhora completa dos sintomas, comunicando-se e sem uso de qualquer dispositivo invasivo.
Discussão
A sialorreia pode resultar da incapacidade de deglutição e coordenação orofacial, frequentemente associada a internações prolongadas e ventilação mecânica. O tratamento eficaz envolve uma abordagem multidisciplinar, combinando terapia motora e comportamental com medicações anticolinérgicas, como atropina e escopolamina. A tosse irritativa pode ser tratada com antitussígenos como a codeína. Uma complicação muito relevante e evidenciada no caso relatado acima estava no fato de a sialorreia interferir na função mastigatória, na articulação das palavras e na deglutição, e devido a isso, a paciente em questão apresentou um desmame lento da SOG e do traqueóstomo, os quais só puderam ser retirados completamente após o controle deste sintoma.
Considerações finais
A gestão da sialorreia requer uma abordagem multidisciplinar, com apoio da equipe de cuidados paliativos, em conjunto com a psicologia, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, para evitar complicações físicas e psicossociais, como aumento da dependência por terceiros, tosse irritativa, e alterações na fala e deglutição. Esse manejo integrado busca melhorar a qualidade de vida do paciente e minimizar impactos psicossociais associados.
Palavras Chave
Equipe Multiprofissional; Sialorreia; doenças infectocontagiosas
Área
Controle de sintomas e qualidade de vida
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Autores
MELINA MARIA LOIOLA MELO VASCONCELOS, ISABELLY MONTENEGRO TEIXEIRA, LIZIANE SANCHEZ SILVA, IZABELLE MOTA RAMALHO BRILHANTE, FRANCISLEY MONTE DA COSTA