X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos

Dados do Trabalho


Título

CONTROLE DE SINTOMAS OROFACIAIS NA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA. RELATO DE CASO.

Apresentação do caso

Mulher, 67 anos, casada, portadora de esclerose lateral amiotrófica (ELA), PPS de 20% em uso de BIPAP intermitente e gastrostomia. Apresenta como comorbidades: hipertensão arterial sistêmica, fibromialgia, dislipidemia, tireoidopatia e histórico de pneumonia broncoaspirativa. Comparece ao ambulatório de cuidados paliativos de um hospital de alta complexidade acompanhada do principal cuidador com queixa principal de sialorréia e babação, com necessidade de aspiração 15 vezes ao dia apesar do uso de anticolinérgicos (atropina 0,5% 2gts de 2/2h; propantelina 6/6h e escopolamina 3x/dia), pontuando 10/10 o desconforto pelo excesso de saliva. No decorrer destes 2 anos de doença, a paciente evoluiu com afasia (comunica-se através do sistema Tobii), disfagia e perda total da independência para as ABVDS.

Discussão

No exame clínico odontológico, apresenta os seguintes diagnósticos: lábios ressecados, hipossalivação em terço anterior da boca, sialoestase em terço posterior da boca, cálculo dentário, movimento oromandibular estereotipado e bruxismo secundário à doença de base. Foi realizada a otimização dos anticolinérgicos; prescrição de hidratante labial a base de vaselina e lanolina, orientação e demonstração ao cuidador da higiene oral adaptada, tratamento periodontal e aplicação de toxina botulínica em glândulas salivares maiores; após 14 dias, a saliva reduziu, iniciamos a diminuição gradativa dos anticolinérgicos, com a pontuação de 4/10 para o desconforto com o excesso de saliva.

Considerações finais

A ELA caracteriza-se pela degeneração do neurônio motor superior e inferior. Na região orofacial pode afetar a fala, mastigação e deglutição. Podem ser observadas, sialorréia, disartria, disfagia e doenças buco-dentais pelo acúmulo de biofilme, devido a dificuldade de higienização oral ou dependência de terceiros, por isso, deve ser adaptada para cada momento da doença. Devido a disfagia, a sialorreia é uma complicação frequente que pode necessitar de aspirações e levar a pneumonia por aspiração. Devido a redução da mobilidade da língua e a disfagia, neste caso obrigava a paciente a executar movimentos estereotipados de protrusão mandibular, necessários para deglutição parcial da saliva e melhora da sensação de sufocamento. Todos os pacientes portadores de ELA devem ser continuamente assistidos pelo cirurgião-dentista com o objetivo de prevenção e controle de sintomas, de forma que o plano de cuidados bucais deve ser individualizado de acordo com o momento da história natural da doença.

Palavras Chave

Cuidado Paliativo; Esclerose Lateral Amiotrófica; Odontologia

Área

Controle de sintomas e qualidade de vida

Instituições

Hospital das Clínicas FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

NATASSIA JURISBERG CORREA, CECILIA PATRICIA DE OLIVEIRA , RICARDO TAVARES DE CARVALHO, SUMATRA MELO DA COSTA PEREIRA JALES