Dados do Trabalho
Título
PELO DIREITO DO VIVER-MORRER DIGNO NO CEARA: O CENTRO DE ORIENTAÇAO SOBRE A MORTE E O SER COMO DISPOSITIVO DE RESISTENCIA E UNIVERSALIZAÇAO DOS CUIDADOS PALIATIVOS
Apresentação do caso
A finitude das coisas e as múltiplas vivências do morrer são fenômenos que, inevitavelmente, perpassam todas as vivências enquanto sujeitos. As concepções acerca dessa morte e desse morrer, contextualizadas em dimensões sócio-históricas, se metamorfoseiam a depender do recorte de tempo e cultura. No recorte contemporâneo, em solo brasileiro, observa-se que ainda se predomina uma percepção da morte quase como um processo anti-natural ou alheio aos sujeitos, sobretudo pela hegemonia de uma visão substancialmente biomédica. Dessa forma, compreender o cuidado em saúde para além da cura e lutar por uma morte digna e humanizada em um país em que os corpos são impedidos até mesmo à vida digna, é quase que inconcebível. Neste cenário, gerado e movido pelo desejo de transform(ação) e compreendendo o conceito de saúde como integral, nasce e resiste o Centro de Orientação sobre a Morte e o Ser (COSMOS).
Discussão
O COSMOS, construído por estudantes de psicologia do ensino público, fundamenta-se no compromisso ético-político de promover o viver-morrer digno em solo cearense, para além do olhar biomédico. Compreendendo que no fazer da Psicologia se carece de práticas e diálogos acerca da finitude e dos cuidados paliativos, busca-se ser um espaço de fomento da discussão sobre a morte e os significados atribuídos a esta pelos sujeitos, entendendo que ao se falar do morrer, intrinsecamente, se gera vida. Previamente ao decreto de uma Política Nacional de Cuidados Paliativos, no COSMOS já se lutava e promovia a garantia de um acesso público, integral e universal a esse cuidado em equipamentos de saúde do Sistema Único de Saúde e no ensino universitário público, fortalecendo o lugar do fazer psicológico neste cuidado. Assim, o COSMOS na universidade pública, com o tripé ensino-pesquisa-extensão, dispara com um papel transformador da conjuntura social em que se insere, possibilitando tornar-se um dispositivo de assistência e implementação dos cuidados paliativos no SUS. Ademais, nesse fazer, se questiona, tensiona e reflete acerca das questões interseccionais que envolvem o acesso (ou a falta dele) a esses cuidados.
Considerações finais
Em síntese, nesse processo de construção e consolidação, é notória a atuação do COSMOS como resistência na luta pelo viver-morrer digno, pelo direito aos cuidados paliativos a todos e como uma ferramenta indispensável na garantia destes no serviço público
Referências:
KOVÁCS, Maria Julia. Bioéticas nas Questões da Vida e da Morte. Universidade de São Paulo, v. 14, n. 2, 2003.
Palavras Chave
psicologia; Cuidados Paliativos; universidade
Área
Outras áreas
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Autores
YASMIN ALENCAR GUERREIRO, NATALIA ALMEIDA NEVES, NAYARA CRISTINA GURGEL DIAS, ANA VIVIAN DE SOUSA SARAIVA , LEIDYMEL SILVA ALVES DE LIMA, LUIZ RICARDO RODRIGUES SANTANA