X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos

Dados do Trabalho


Título

A FORMAÇAO MEDICA E O CUIDADO ANTE A MORTE E O MORRER NO CONTEXTO DA ATENÇAO PRIMARIA A SAUDE.

Introdução

A morte é um tema tabu, evitado tanto na sociedade leiga quanto no diálogo entre médicos e pacientes, pois é encarada como um fracasso profissional na área da saúde. A formação para o lidar com a morte na educação tem sido objeto de atenção de muitos autores, mas mudanças na formação médica com o aprofundamento dessa temática ocorrem lentamente. O objetivo desta pesquisa foi compreender os caminhos do ensino do lidar com a morte no contexto da Atenção Primária à Saúde - APS (HENNEZEL, M. ; LELOUP, J. Y., 2012).

Objetivo e Método

Trata-se de um estudo qualitativo, fruto de dissertação, cujos sujeitos foram professores de medicina de uma universidade brasileira envolvidos com experiências curriculares na APS. Foram combinadas duas estratégias metodológicas: entrevistas em profundidade e oficina com utilização de “cenas”. Recorremos à Hermenêutica para a análise e interpretação dos discursos (MINAYO, 2010).

Resultados

Identificamos que, para os docentes, o lidar com a morte pode ser concebido por quatro papeis ou competências na busca de um cuidado humanizado: tentar salvar, promover qualidade de morte, estar presente até o fim, e valorizar a dimensão da espiritualidade. Para os docentes, o ensino do lidar com a morte deveria ser uma abordagem multidimensional ao longo de toda a formação médica. Apesar de, nas práticas pedagógicas em APS dessa universidade, haver uma proposta de ensino-aprendizagem ativa, baseada na problematização de situações concretas, os docentes apontaram que a formação para o lidar com a morte, de forma geral, é insuficiente e hegemonicamente tecnicista. São limites dos espaços curriculares na APS para o ensino do lidar com a morte: práticas pedagógicas tecnificadas, fragmentadas e com avaliações e metodologias tradicionais; a necessidade de maior aprofundamento metodológico e de integração no currículo; e fragilidades nos serviços de APS que são cenários de práticas. Foram potências dos espaços curriculares na APS para o ensino do lidar com a morte: a aproximação com as dinâmicas de adoecimentos e lutas da população; e a construção de práticas formativas mais dialógicas e voltadas para a valorização do protagonismo estudantil e do trabalho interdisciplinar.

Conclusão/Considerações finais

Conclui-se que a APS pode contribuir na implementação de práticas pedagógicas mais integradas, longitudinais, contextualizadas e centradas nas pessoas. Ao mesmo tempo, a relação ensino-serviço, preocupada com o aprimoramento do cuidado no adoecer e no morrer, pode qualificar e fortalecer a APS.

Referências

HENNEZEL, M. DE; LELOUP, J.-Y. Arte de morrer: Tradições religiosas e espiritualidade humanista diante da morte na atualidade. 11° ed. Petrópolis: Vozes. 2012.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

Palavras Chave

morte; Formação médica; tanatologia

Área

Outras áreas

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - Paraíba - Brasil, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

MARCOS OLIVEIRA DIAS VASCONCELOS, GEÓRGIA SIBELE NOGUEIRA DA SILVA, ILANE DANTAS SOARES, ELAYNE AGUIAR DA SILVA CANUTO , POLLYANA CLAUDIA MACHADO FREITAS